VANESSA VIDAL | A Verdadeira Beleza
Vanessa Vidal é modelo profissional,
com larga experiência, foi Miss Ceará
2008, Miss Brasil Beleza Internacional, é membro da COMPEDEF, tem desenvolvido
um belíssimo trabalho social em prol das pessoas com deficiência. Mas os
desafios dessa encantadora guerreira não param por aí.
Lançou sua autobiografia com o título "A VERDADEIRA BELEZA", este
livro conta toda sua trajetoria de vida, de luta, de garra e superação,
desafiando seus limites, mostrando ao povo brasileiro que a falta de um dos sentidos,
no caso a audição, nunca à impediu de realizar todos os seus sonhos.
E os desafios continuam...
Recebeu recentemente um convite para fazer uma super novela, atuando como uma
jovem surda !!!! Aguardem !!!!!!
Quebra de paradigmas – Vanessa Vidal, Miss Ceará 2008; um
exemplo de beleza, simpatia e força de vontade.
A série "Quebra de paradigmas"sempre trás
histórias, relatos, notícias sobre pessoas e curisoidades que nos permitem
modificar a nossa concepção de surdez, e o esteriótipo que temos da pessoa com
perda auditiva. Hoje iremos mostrar a história da Miss Ceará 2008, Vanessa
Vidal.
Há um esteriótipo de
que a pessoa surda é estressada, amargurada, triste... mas isso não passa de
mais um pré-conceito. Linda, independente, simpática e de bem com a vida,
Vanessa Lima Vidal, 28, natural de Fortaleza - CE, quebra totalmente este
paradigma.
Com surdez congênita,ela enfrentou dificuldades durante a
infância e a adolescência , mas superou os obstáculos impostos pela sociedade e
venceu na vida. Ela correu atrás de seu sonho, acreditou no seu potencial e em
2008 foi eleita a Miss Ceará. Hoje, trabalha, faz faculdade, lançou o seu livro
autobiográfico “A Verdadeira Beleza” e leva uma vida totalmente normal. Melhor
do que ler artigos e livros é poder saber a opinião de quem realmente convive
com a surdez. Por isto tive a iniciativa de procurar a Vanessa, via facebook,
para poder permitir a você leitor uma visão mais impessoal sobre as questões da
surdez. Sempre que possível publicarei depoimentos, relatos de pessoas a cerca
da surdez.
Muito gentilmente, ela cedeu uma rápida entrevista, na qual ela nos conta um pouco sobre as
suas experiências com a surdez, sua opinião sobre a língua de sinais e um pouco
sobre sua vida.
1 - Qual o seu nome completo? Qual a sua idade e de onde
você é?
R- Vanessa Lima Vidal, tenho 28 anos, natural de
Fortaleza/Ce.
2 - Você nasceu com a surdez ou foi perdendo a audição aos
poucos? Neste caso, com quantos anos você perdeu a audição?
R- Sim, já nasci surda.
3 - Você freqüentou escolas para pessoas surdas ou escolas
tradicionais? Sentiu dificuldades durante sua vida escolar devido a surdez?
Quais?
R- Na primeira idade freqüentei escola tradicional, mas
senti muitas dificuldades, mais tarde fui para uma escola especializada até me
alfabetizar, já no ensino médio freqüentei escola tradicional, mas as
dificuldades só aumentavam. Já na Universidade fui a primeira aluna surda a ter
um interprete de libras em sala de aula, isto tudo se deve a minha luta.
4- Na sua infância, enfrentou muitas dificuldades devido a
sua condição? Preconceitos?
R- Sim, enfrentei muitos preconceitos, discriminações,
insultos baratos, sofri muito, a sociedade é cruel quando se tem um limite.
5- Quando você começou a aprender a LIBRAS? Você consegue
expressar tudo o que deseja através da língua de sinais?
6- Você pensou em fazer o implante coclear? Por quê?
R- Recebi vários convites de médicos e especialistas, mas
não me senti segura, sou feliz assim, surda, não pretendo mudar o que foi
imposto por Deus.
7- Você faz tudo o que tem vontade? Como é seu dia-a-dia?
R- Trabalho na Copedef ( Coordenadoria de políticas públicas
em atenção as pessoas com deficiência) SDH, ministro palestras por todo Brasil,
sou convidada para participar de eventos, continuo modelando, viajo muito para
o exterior, estou cursando a pós graduação em Letras libras, enfim faço tudo
que esta ao meu alcance com responsabilidade e disciplina.
8- Como começou sua carreira de modelo?
R- Foi na minha adolescência, aos 13 anos, fiz o curso de
modelo na Vila Elite, e daí não parei mais.
9- Quando decidiu concorrer ao Miss Ceará?
R- A primeira vez que concorri foi em 2007, mais só fui
eleita em 2008.
10- Você sofreu preconceitos ao longo do concurso? Como as
pessoas viam o fato de você ser surda?
R- Não muito, tentei me aproximar das outras concorrentes,
na possibilidade de mostrar um pouco minha cultura surda, acho ate que
conseguir, algumas se mostraram bem interessada. Foi uma grande experiência, e
um importante aprendizado.
11- Durante o concurso, havia barreiras que dificultaram seu
desempenho? Você usava intérprete o tempo todo?
R- Não teve barreiras, e meu desempenho foi formidável, pois
tinha uma interprete de libras comigo o tempo todo.
12- Sou estudante de medicina, e meu interesse atualmente é
estudar o atendimento médico aos surdos. Você tem ou já teve dificuldades ao ir
ao médico? Tem algum caso seu que gostaria de nos contar, onde a falta de
conhecimento do médico sobre língua de sinais dificultou o atendimento?
R- Parabéns por sua profissão, desejo que você aprenda um
pouco de libras e faça a diferença na medicina para ajudar os surdos. Sim já
senti muitas dificuldades, em fazer uma consulta normal com o médico, devido o
profissional não saber libras, a comunicação fica muito complicada, muitas
vezes o medico não entende o paciente surdo, na maioria dos casos o surdo fica na
dependência de ter levar um parente ou um interprete, gerando assim um grande
constrangimento tendo que dividir seu estado de saúde.
Podemos perceber nesta entrevista um exemplo real de como a
língua de sinais é completa e possibilita o desenvolvimento pleno da vida. Uma
das frases ditas pela Vanessa, que mais me chamou atenção foi: “quando
finalmente pude aprender libras, foi minha libertação, foi outra realidade,
passei a ter uma comunicação plena.” E mais uma vez reforça a minha opinião de
que o desenvolvimento da língua de sinais é a melhor opção para a pessoa que
nasce com a surdez, e não tiveram então contato com o mundo do barulho. Sendo
que esta ausência da percepção auditiva não é fator crucial para a felicidade
de uma pessoa – idéia esta que não é possível ser concebida por nós ouvintes:
viver sem o som.
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O vôo da Gaivota - Emanuelle Laborit
Emanuelle Laborit nasceu em 1972, na França. Foi a primeira
filha de um jovem casal de estudantes de classe média, onde o pai estudava
medicina (posteriormente vindo a ser um psiquiatra envolvido na luta pelos
direitos dos Surdos) e sua mãe preparava-se para ser professora, porém
interrompeu seus estudos para cuidar de Emanuelle. Surda de nascença, seus pais
só tiveram a descoberta de sua condição aos nove meses de idade, e foram orientados
pela equipe médica a não colocá-la em contato com outros surdos. Foi submetida,
desde então, a tratamentos de ortofonistas, com oralização e uso de aparelhos
auditivos, do qual só ouvia ruídos que não podia distinguir. Incluída em escola
regular, somente aos 7 anos seu pai recebeu informações de surdos que
utilizavam língua de sinais e conseguiram um bom desenvolvimento intelectual e
comunicativo.
Emanuelle destacou-se por ser a primeira atriz surda a
ganhar o prêmio Molière de teatro e também tornou-se a primeira francesa surda
a escrever um livro. Mais do que sua própria e curta vida até então (já que ela
o escreve com apenas 22 anos), o livro busca retratar a vida de uma pessoa
Surda em um mundo que não está preparado para conviver com essa diferença:
Este livro é um presente da vida. Vai me permitir dizer
aquilo que sempre silenciei, tanto aos surdos como aos ouvintes. É uma
mensagem, um engajamento no combate relacionado com a linguagem de sinais, que
separa ainda muitas pessoas. (Laborit, p.9)
Um dos motivos pelo qual o livro foi considerado por muitos
uma ousadia, é pela dificuldade que os surdos têm com a língua escrita, tanto
na leitura quanto na produção. A própria autora diz ter mais medo da escrita do
que da fala, ainda que isso pareça estranho vindo de uma surda, mas fica
registrada a dificuldade de lidar com a representação escrita de uma língua
oral-auditiva, como o francês ou o português, por falantes nativos de línguas
orais-espaciais, como a língua de sinais. Por isso, ela explica seu método de
produção da obra: “Outras pessoas, mais curiosas, perguntaram como iria fazer.
Escrever por conta própria? Contar o que gostaria de escrever a um ouvinte que
traduziria meus sinais? Faço as duas coisas. Cada palavra escrita e cada
palavra em sinais são irmãs.” (Laborit, p. 8) Assim, para a escrita do livro a
autora contou com uma espécie de tradutora que a auxiliou, Marie-Thérèse Cuny,
porém conservando seu estilo próprio, o que é observado ao longo da leitura.
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